segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

S.O.S. Friburgo

No último fim de semana fui com a minha família à Nova Friburgo, uma das regiões serranas mais devastadas pelas chuvas de janeiro. Fomos lá, com mais outras pessoas de diferentes lugares, com o objetivo de levar uma palavra de conforto, refrigério e paz para aquelas pessoas que estão tentando reconstruir suas vidas. Confesso que um pouco ansioso eu esperava pelo momento em que iríamos encontrar as pessoas.


Ao chegar ao local, Córrego Dantas, era impossível não ver os estragos profundos. Eu estava realmente impressionado com o que eu estava vendo, alguém disse que já estava melhor que nos primeiro dias, mas ainda restam casas destruídas e as que não foram totalmente destruídas estão cheias de entulhos e lama; nas ruas algumas pessoas limpavam suas casas na esperança de recuperar, reconstruir suas vidas.


Depois de um rápido reconhecimento do local, mãos à obra! Dividimos os grupos e as tarefas, alguns iriam fazer o trabalho braçal e outros iriam às casas orar e dar a palavra de conforto. Eu fiquei no grupo que iria às casas. Caminhando pela primeira rua eu estava nervoso e sem saber o que dizer... Até pedi uma ajudinha à Alice sobre o que eu poderia dizer. Então começamos a oferecer ajuda, julguei que seria mais necessária naquele momento. Mas dentro de mim eu fiquei um pouco angustiado porque eu estava fazendo o “contrário” da tarefa pra qual eu tinha sido designado. Então paramos numa casa e nos oferecemos para ajudar no que fosse preciso. Naquela casa pequena havia uma camada espessa de lama nos pequenos cômodos. Dois homens retiravam a lama com pás e o outro carregava o carrinho até o outro lado da rua. Então foi conveniente que eu carregasse o carrinho e despejasse a lama do outro lado da rua, em alguns momentos eu nem tinha mais forças, era o carrinho de mão que me levava (risos).


Algum tempo se passou, fizemos uma pausa e fomos nos reunir com os outros do grupo. Após o almoço que tivemos ali mesmo, recuperamos a energia que seria necessária, porque atravessaríamos para um lado onde algumas famílias estavam sem mantimentos. No caminho, parte do grupo cumpria seu papel de evangelizar e, com muita alegria, colhiam os frutos pra honra e glória de Deus.


Atravessamos para o outro lado e estava consideravelmente pior que o anterior, algumas casas estavam com muito mais lama, e ainda havia muito que fazer. Então, mais uma vez, nos oferecemos para ajudar e logo nos deram uma enxada e pás, com os pés afundando na lama começamos o trabalho. Durante aquele serviço uma moça do grupo, que estava comigo ajudando a retirar a lama, me perguntou se eu já tinha feito aquilo na vida... Eu respondi que não daquela forma e não naquela circunstância. Fiz a mesma pergunta a ela e a resposta foi semelhante à minha, mas ela ainda complementou: “é muito amor, né?”. Aquilo me impactou demais e fiquei pensando. Naquele momento Deus me mostrou mais uma face do Seu amor tremendo, algo que eu nunca vou entender nem explicar, mas eu pude sentir. Eu estava preocupado em demonstrar e mostrar o amor Dele em palavras, mas o que Ele queria é que eu demonstrasse em obras. Sinceramente, humanamente falando, ali não era o melhor lugar para estar e nem fazendo o que eu estava fazendo, mas no meu coração eu tive a certeza que Deus me queria ali muito mais para me edificar do que para edificar outros. Ele foi falando comigo através daquilo que eu via e ouvia, meu coração se encheu de gratidão.

Depois do alarde da mídia, os lugares e pessoas foram esquecidos, ninguém ouve mais falar sobre isso, mas as pessoas continuam lá! As partes principais da cidade foram limpas quase em sua totalidade, enquanto outras padecem na lama, literalmente. Naquele dia Deus me mostrou que aquelas pessoas precisam mesmo Dele, precisam mesmo dessa esperança que não falha, mas também precisam ser amadas. Amá-las naquelas circunstâncias pôde ser demonstrado na simples ajuda.

As águas que devastaram Nova Friburgo não abalaram somente estruturas físicas, mas também emocionais. Levou consigo um pouco de cada pessoa, levou a esperança e, de alguns, levou a vontade de viver. Pais perderam seus filhos, filhos perderam seus pais, parentes perderam queridos.. São tantas histórias, tantos relatos, tantas tristezas, tantas lágrimas que se derramam sobre as lembranças. Fecharmos nossos olhos e tentar imaginar que tudo não passou de um pesadelo é inútil; pensar que agora está tudo bem é uma grande mentira. Mas Deus tem movido o coração de muitos para AMAR aquelas pessoas através de seus atos. Materialmente as pessoas estão supridas, mas emocional e espiritualmente há uma coisa que se necessita agora e com muita urgência: CORAÇÕES DISPOSTOS.


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